Poupança no setor industrial
Medidas de poupança de energia e melhores práticas no setor industrial português
De acordo com os dados mais recentes do Observatório de Energia, o setor da indústria é o segundo maior consumidor de energia final em Portugal.
Em 2016, conforme o gráfico apresentado, podemos verificar que quanto ao consumo total de energia por setor, o dos transportes representou cerca de 37,9% com um consumo de 5.7 Mtep, seguindo-se a indústria transformadora com 28,7% e o setor doméstico com 17,1%.
Fonte: Energia Final, Consumo total por setor de atividade 2016, Observatório de Energia, valores em tep.
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- Transportes
- Doméstico
- Serviços
Redução de consumos
A redução dos consumos de energia e consequentes emissões, seja na indústria ou em qualquer outra atividade, tem sido uma preocupação permanente e cada vez mais relevante nos dias que correm.


A ADENE – Agência para a Energia é responsável pela gestão operacional do portal do Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE), regulado pelo Decreto-Lei nº 71/2008 de 15 de abril. Este tem como objetivo promover a eficiência energética e monitorizar os consumos energéticos de instalações consumidoras intensivas de energia e, atualmente, encontram-se registadas no portal 1193 instalações.
O SGCIE estabelece metas de redução dos consumos de energia e de emissões de CO2, sendo obrigatório para todas as instalações cujo consumo anual é igual ou superior a 500 tep (toneladas equivalentes petróleo), prevendo que as mesmas realizem auditorias energéticas onde se verificam as condições de utilização de energia e promovam o aumento da eficiência energética, incluindo a utilização de fontes de energia renováveis.
Medidas implementadas
Para alcançar estas metas, as instalações do setor industrial português têm vindo a implementar medidas de redução de consumos que se podem distinguir em dois grupos:
Independentemente do seu setor ou âmbito de atividade, a maioria das instalações escolhe implementar medidas transversais, representando cerca de 90% das economias de energia previstas nos Planos de Racionalização dos Consumos de Energia apresentados pelas instalações.
De facto, estas medidas são as que permitem uma maior redução do consumo energético e das emissões de CO2, apresentando um menor período de retorno do investimento feito pelas instalações. O investimento que as instalações fazem, por exemplo, na substituição de tecnologias convencionais por tecnologias de iluminação mais eficiente, como é a tecnologia LED, é amortizado em pouco mais de três anos.
De entre estas medidas transversais salienta-se a formação e sensibilização de recursos humanos, a aplicação de isolamento térmico, a monitorização e controlo dos consumos, a eficiência energética em sistemas de ventilação, a recuperação de calor e o tratamento de efluentes, que apresentam retorno de investimento bastantes atrativos.
As medidas mais comuns, respetivo impacto, custo e retorno do investimento, estimado a partir das auditorias resumem-se na tabela que se segue.
Potencial de redução global (tep/ano) | Período de retorno do investimento (anos) | Custo de redução por tep (€/tep) | Redução de gases com efeito de estufa (t CO2e) | Número de instalações que preveem esta medida | |
---|---|---|---|---|---|
Formação e sensibilização de recursos humanos | 2 216 | 0,35 | 249 | 8 595 | 184 |
Iluminação eficiente | 10 508 | 3,34 | 3 778 | 57 421 | 957 |
Integração de processos | 1 307 | 2,34 | 1 347 | 4 225 | 23 |
Isolamentos térmicos | 12 360 | 1,31 | 575 | 33 842 | 506 |
Manutenção de equipamentos consumidores de energia | 2 584 | 2,24 | 1 694 | 10 196 | 173 |
Monitorização e controlo | 11 744 | 1,61 | 1 168 | 47 460 | 507 |
Otimização de motores | 5 923 | 2,35 | 2 401 | 32 208 | 427 |
Recuperação de calor | 30 460 | 2,21 | 827 | 78 138 | 356 |
Sistemas de bombagem | 2 811 | 2,11 | 2 186 | 15 364 | 208 |
Sistemas de combustão | 14 863 | 2,25 | 1 462 | 60 278 | 372 |
Sistemas de compressão | 8 757 | 2,16 | 2 299 | 47 504 | 757 |
Sistemas de ventilação | 3 436 | 1,68 | 1 748 | 18 323 | 264 |
Transportes | 663 | 3,33 | 3 859 | 1 890 | 38 |
Tratamento de efluentes | 1 378 | 1,31 | 627 | 4 091 | 16 |
Total Geral | 135 679 | 2,60 | 1 810 | 523 347 | - |
Fonte: Relatório Síntese do SGCIE de outubro de 2018 (ADENE).
A Economia Circular
Para além das medidas diretamente associadas à eficiência energética, existem outras medidas que podem levar a indústria portuguesa mais além, nomeadamente as medidas associadas com a transição de uma Economia Linear para uma Economia Circular.

A Economia Circular é definida pelo Parlamento Europeu como: ”um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, a reutilização, a reparação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, alargando o ciclo de vida dos mesmos. Na prática, a Economia Circular implica a redução do desperdício ao mínimo (…) e contrasta com o modelo económico linear baseado no princípio “produz-utiliza-deita fora”.”
Nesta ótica, e de modo a introduzir os princípios da Economia Circular no setor industrial português, a ADENE – Agência para a Energia, em parceria com o ISA – Instituto Superior de Agronomia e com o apoio do Fundo Ambiental, encontra-se a desenvolver um projeto piloto designado «CERTAGRI» que visa a implementação do «Rótulo de Produto Circular» no setor agroalimentar.
Através do Rótulo de Produto Circular, o consumidor final tem conhecimento do desempenho energético, hídrico e de circularidade de recursos ao longo da cadeia de valor onde se insere o produto. Assim, o consumidor saberá quão eficiente foi o processo de produção de determinado produto, ao nível da utilização dos recursos na sua fase agrícola, de transformação na indústria e ao longo da sua distribuição e transporte.
Para as empresas, o sistema de rotulagem inclui auditorias energéticas e hídricas que são acompanhadas de propostas de medidas de melhoria e possibilitam a redução do uso ou reaproveitamento da água, energia e materiais, abrindo caminho para o investimento em novos equipamentos mais eficientes, em novas práticas e, pode, inclusivamente, contribuir para a criação de novos produtos ou simbioses e relações entre empresas e indústrias a partir dos resíduos e subprodutos por si gerados.
O sistema permite caminhar para a circularidade, para que haja um aumento da eficiência ao longo de toda a cadeia de produção, ao mesmo tempo que proporciona aos consumidores a possibilidade de produtos ecologicamente eficientes, socialmente justos e economicamente viáveis.
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